quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Como está a saúde bucal do bebê fissurado?

Bebês com fissura (fenda no lábio e/ou no palato, conhecido como "céu da boca) precisam de cuidados bucais redobrados. Isso porque a falta de uma higienização bucal adequada é responsável por um alto índice de bebês com cárie. De acordo com a tese da odontopediatra da equipe multidisciplinar do Centrinho/USP, Lucimara Teixeita de Neves - em que 300 pacientes com idade entre 6 meses e 5 anos e meio foram avaliados clinicamente -, os dentes mais acometidos pela cárie são os incisivos centrais (dentes da frente). O estudo verificou que a cárie na criança com fissura é mais precoce do que na população geral - em que a cárie surge, normalmente, entre 18 e 24 meses. Os fissurados estudados com idade entre 6 e 12 meses já apresentaram cárie.

A pesquisadora atribui essa precocidade ao fato de a região da fissura apresentar, para a mãe, maior dificuldade para higienizar, daí a necessidade de se reforçar a limpeza bucal entre os bebês fissurados.Isso não significa que o fissurado apresenta maior probabilidade de desenvolver cárie, mas que a falta de uma limpeza bucal adequada nos bebês em geral pode apressar o surgimento de cáries. Lucimara explica que, normalmente, as mães chegam muito ansiosas para a cirurgia plástica e, às vezes, relegam para o segundo plano os cuidados odontológicos.

"É preciso lembrar que uma boa saúde bucal é pré-requisito para a realização das cirurgias, pois se o bebê apresentar qualquer tipo de infecção, proveniente da má higienização, por exemplo, não poderá ser operado", afirma Márcia Ribeiro Gomide, coordenadora do Curso de Especialização em Odontopediatria da Pós-Graduação do Centrinho/USP.
No Centrinho/USP há uma Clínica odontológica de bebês que recebe, em média, 50 crianças por semana, com idade até 3 anos. "Na clínica de bebês podemos demonstrar às mães a forma correta de higienização bucal dos bebês", afirma Beatriz Costa, odontopediatra, coordenadora do Setor. Mas, falar é fácil, difícil é fazer a criançada deixar as guloseimas de lado, responsáveis, aliás, pelo aparecimento de cáries. Por isso, Beatriz Costa faz um alerta às mães: "já que as crianças não deixam de comer doces, escove os dentes delas após cada doce ingerido". Acompanhe, a seguir, outras dicas das odontopediatras do Centrinho/USP:
Amamentação
Ao contrário do bebê com fissura isolada de lábio, bebês com fissura só de palato (céu da boca) e, também, com fissuras completas de lábio e palato apresentam dificuldade de sucção. Mas, apesar disso, existe a possibilidade do aleitamento materno. A odontopediatra Gisele da Silva Dalben adverte que o aleitamento materno sempre deve ser tentado antes de ser descartado, pois seus benefícios são incontáveis, incluindo melhor desenvolvimento das estruturas bucais, riqueza nutricional e contato íntimo entre o bebê e a mãe.
Deve ser usado creme dental na escovação?
Pode ser usado, mas em pouquíssima quantidade: 1/3 de um grão de arroz é a quantidade máxima para que não haja risco de o bebê engolir o creme e ter complicações por isso.
O bochecho é indicado a partir de qual idade?
A partir dos 6 anos.
Antes de nascer o primeiro dentinho, como fazer a limpeza?
A mãe deve usar uma fralda ou uma gase embebida em água filtrada ou fervida, enrolada no dedo indicador. É importante que a mãe não tenha receio de limpar nenhuma parte nem mesmo a área da fissura. A mãe deve limpar as seguintes regiões:
• região inferior e superior onde os dentes vão romper (chamada de rebordo alveolar)
• bochecha
• na região da fenda; no caso de fissura só de palato, ele também deve ser higienizado
• língua (no sentido de trás para a frente)
Essa limpeza é indicada uma vez por dia a partir do primeiro dia de vida do bebê. As odontopediatras sugerem que seja feita no horário do banho, pois é um período de maior relaxamento da criança. Ao nascer o 1º dente, essa higiene é substituída pela escovação.

Fonte: http://www.centrinho.usp.br/emfoco/file/foco_34/com_solid_34.html

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